
SENAI – Têxtil – 1989/1992

Capsula do tempo.
Ontem entrei em contato com colegas da minha turna do curso de técnico têxtil, que há muito não tinha notícias. Foi bom, mas foi estranho. Cavucar antigas memórias dá uma sensação mista de perplexidade e nostalgia. Como fantasmas, ecos de lembranças distorcidas pelo tempo, colapsados pela realidade. Como abrir uma caixa enterrada com várias coisas guardas depois de muitos anos. Um backup zipado que você não sabe o que tem dentro.
O curso era diurno, passávamos o dia todo juntos. Uma família disfuncional, como boas e más recordações.
Exemplo perfeito de entropia, que citei em um post anterior: durante um período de tempo várias pessoas agrupadas, em um espaço limitado e com objetivos parcialmente alinhados (entropia baixa, havia um conhecimento parcial da posição dos integrantes). Depois do término, cada um seguiu caminhos totalmente diferentes e diversos, tendo pouco ou nada a ver como ramo têxtil (entropia alta, desconhecimento de onde cada um foi para)r.
Crus, ingênuos, inexperientes, iludidos, sonhadores e sem noção. Creio que alguns ainda sejam assim, mas falo por mim.
Enfim, chega de filosofar.
Trilha sonora da época.
Nada melhor do que celebrar esse encontro com música. Listarei algumas delas que me remetem imediatamente àquela época.
Na minha lembrança, tudo era permeado por ROCK. Ouvíamos as rádios 89 ou 97. Músicas melancólicas e sem esperança, ou de protesto e “rebeldia”, tipicas dos anos 80. Depois, as emergentes e vibrantes do começo dos anos 90. Não estão em ordem cronológica ou de preferência. Apenas algumas que lembrei…
Smells like teen spirits – Nirvana – 1991
- Levar marmita.
- Marmita vazar na mochila.
- Comida azedar.
- Se aquecer perto do marmiteiro em dias frios.
- Trocar as marmitas de lugar e ver a confusão no almoço.
Give it way – Red hot chili peppers – 1991
- Começar gritaria no refeitório.
- Gritar número do semestre.
- Derrubar tampa da marmita para gerar gritaria.
- Jogar comida na mesa do bichos.
- Divisão territorial ferrenha das mesas. Bichos eram hostilizados quando se aproximavam, principalmente se fosse para conversar com alguma colega.
Man in the box – Alice in chains – 1990
- Levar roupa para aulas de educação física.
- Fazer parte do time da reba.
- Ser chamado de bostinha pelo Guarin.
- Dar nós nas mangas das blusas no vestiário ou furar cuecas.
- Tomar banho gelado, chuveiros sem divisórias (argh).
- Empestear a sala com cheiro de suor e desodorante barato.
Beds are burning – Midnight Oil – 1987
- Onipresente Dirceu, que tudo sabia e a todos punia.
- Uso do carômetro para delação premiada.
- Frequentar (compulsoriamente) a sala do Dirceu concedia certo “status” às pessoas.
Shiny happy people – R.E.M – 1991
- Virar mochilas e estojos do avesso.
- Encharcar mochilas com desodorante.
- Raquel e Caldeira cantando essa música propositadamente errado.
More than words – Extreme – 1990
- Provas em grupo sobre fluxogramas de produção de fibra têxtil do prof. Cosmo.
- Fazer provas sozinho por mal comportamento nas aulas dele.
- Mantra: Fiação – paralelização, estiragem e torção.
- Mantra: Regain – taxa convencional de reabsorção de umidade em relação ao peso seco.
Sweet child o’ mine – Guns N’ roses – 1987
- Ficar sem almoçar para ver ou jogar futsal.
- Torcidas histéricas, xingando, batendo e balançando as grades.
- Ficar depois do horário para jogar com os professores (eu não. Era da reba).
- Jogar dedobol ou ping-pingue-pongue nos intervalos.
O teatro do vampiros – Legião urbana – 1991
- Fazer huuuuummmm com a boca fechada, para atazanar os professores (tinha uma que falava “olha o barulhinho”, desenho técnico, acho).
- Fazer barulho enfiando o dedo no buraco das cadeiras. POP!
- Trocar os armários dos professores de lugar (ok, foi um vez só com o James…).
Lips like sugar – Echo and the Bunnymen – 1987
- Andar do metrô Dom Pedro até o Cambuci.
- Andar do Cambuci até o metrô Dom Pedro. Todo dia.
- Muvuca para pega o ônibus “Penha” no fim da tarde.
Alive – Pearl Jam – 1991
- Revesamento para ir no boteco na frente da escola para comprar refrigerante.
- Levar as garrafas vazias de volta para o bar.
- Comprar um salgado na cantina no intervalo da manhã.
- Quem tinha dinheiro comprava o almoço na cantina.
In a big country -Big Country – 1983
- Disputa para ler a nova revista superinteressante nas “aulas de biblioteca”.
- Responder chamada e vazar quando as últimas aulas eram de biblioteca.
- No auditório, bater os pés no chão quando tinha algum comunicado geral.
Nothing else matters – Metallica – 1991
- Quando bichos, achar que os veteranos do sétimo eram fodões.
- Quando veteranos no sétimo, não se achar nada de mais e ignorar bichos.
- Achar que teríamos bons empregos logo de cara.
- Zero incetivo para continuar estudando em faculdades. O “curso” de técnico têxtil era mais que suficiente.
- Perceber que o conhecimento teórico era superficial. A grade curricular não contemplava relacionamentos interpessoais, nem discutia a função de setores de uma empresa como um todo.
- Ensino zero sobre PCP (o setor mais importante das empresas. É sim!)
Tempos depois:
- Perceber que o ramo têxtil paga pouco. Ser fiandeiro, tecelão ou tintureiro, tanto faz. Poucos permanecem, e menos ainda se dão bem.
- Refletir sobre que raios eu pensava na época para escolher esse segmento (ou por que qualquer outra pessoa escolheria?)
- Perceber que anos de vida são comprimidos em algumas lembranças distorcidas e subjetivas. Alguns eventos são marcantes para uns, enquanto para outros que participaram não significou nada.
- Desconfortável e familiar sentimento de não pertencimento à grupo nenhum. Sad but true.
Bom, já chega. Escrevi demais para um post sobre música.
Dedicado aos amigos recém redescobertos e aos novos que virão.
Se alguém lembrar de outras músicas marcantes da época, comentem. Sétimo!!!
As melhores músicas!!!!!!! Amo todaaasss !!!! ?????????
São boas. No contexto da época, melhores ainda.
Grande Hermes Moura Jr. Saudades meu amigo.
É velho, faz bastante tempo… Sabe do paradeiro da Raquel?
Publica ae a carta q vc e o Waldir escreveram pow !!!
Hahaha, não tenho mais Moco. Quem sabe eu e ele não escrevemos uma nova?