
Inteligência Artificial.

Creio que a maioria deve ter visto filmes e séries, ou lido livros sobre futuros distópicos, onde o mundo é controlado por máquinas e programas de computador com inteligência artificial. O que grande parte têm em comum é que nunca acaba bem para os humanos. Isso reflete algum medo inconsciente ou é o apelo ou a dramaticidade para tornar atraente para o público? A ameaça é factível ou só ficção cientifica? Devemos temer essa tecnologia?
Antes, alguns conceitos básicos para dar contexto.
Conteúdo deste post
Primeiro de tudo, o que é cognição, inteligência e pensamento?
Aos desavisados parece a mesma coisa, mas não é:
Cognição:
Cognição é a forma como o cérebro ou massa neural processa, percebe, aprende e recorda as informações captadas através dos sentidos, bem como os dados já armazenados na memória, isto é, a cognição é o processo de usar as informações sensoriais que vêm dos estímulos do ambiente e o conteúdo retido das experiências anteriores ou instruções advindas geneticamente. Na maioria das vezes, e na maior parte dos animais, ocorre inconscientemente ou instintivamente. Não é um ato deliberado.
Inteligência:
É a capacidade de executar tarefas complexas, resolver problemas, criar e aperfeiçoar coisas, físicas ou virtuais. Há várias ramificações e sub categorias, como inteligência emocional, espacial, matemática, musical, lógica, intra e inter pessoal, entre outras. Não é exclusividade dos homo sapiens. Outros animais apresentam características semelhantes.
Pensamento:
Habilidade de planejar eventos, criar cenários e situações fictícias que nunca ocorreram e que nunca ocorrerão. Dar significado à coisas e eventos subjetivamente, ou seja, sem relação causal ou lógica com um acontecimento. Ter conhecimento de si mesmo. Ter consciência. Até onde se sabe, é restrito aos humanos e o funcionamento ou fonte de origem é desconhecido. Alguns atribuem à existência da alma; outros a reduzem processos eletroquímicos entre os neurônios.
Uma lesma tem cognição, mas a inteligência é minima ou nula e não pensa. Não tem consciência de si mesmo. Talvez… uma certa formiga?
Golfinhos tem cognição e inteligência avançadas, sendo capazes de executar diversas atividades quando instruídos. Mas não fazem planos para o próximo sábado à noite, nem organizam protestos pela morte do jovem golfinho Carlos, morto em uma rede de pesca, ou fazem oferendas à Poseidon, deus dos mares.

O que é Inteligência artificial?
Como citado anteriormente, inteligência é a capacidade de executar tarefas. Computadores fazem isso usando algoritmos, ou seja, conjunto de instruções lógicas sequenciais visando algum objetivo específico. Assim, não requer que esteja em um sistema orgânico natural. Pode ser artificial.
Enquanto humanos são (por enquanto) melhores em criar abstrações, seguindo padrões não sequenciais e aleatórios, sem saber ao certo o resultado final, são péssimos em armazenar informações e processar dados rapidamente.
A memoria humana é multi-dimensional, ligando eventos com sensações e significados subjetivos. Muitas lembranças que temos são reinterpretações ou recriações de um fato, restando pouco do que realmente ocorreu. Já as memórias e dispositivos de armazenamento artificiais mantém exatamente o que foi gravado por longos períodos, no entanto, são apenas conjuntos de “zeros e uns”, sem sentimentos.
O cérebro dos humanos atuais são iguais aos dos antepassados de 70 mil anos atrás. Não foi talhado evolutivamente para executar cálculos nem armazenar grandes quantidades de informações precisas, pois não era necessário. Na maior parte desta curta história da humanidade (aproximadamente 85% do tempo) era dedicada à coleta de vegetais e caça em grupos nômades. Não havia necessidade de escrita, registros, números, contas. Apesar da aparente similaridade, um computador e um cérebro são bem diferentes

Assim, a inteligência artificial é mais uma extensão, uma ferramenta para ajudar humanos à realizar tarefas que demandariam muito tempo e esforço. A questão que se apresenta é se essa ferramenta se tornará tão boa que relegará a humanidade à um segundo plano.
A Inteligência artificial será uma ameaça?
Depende. Depende em que ponta do processo você está. E já é uma ameaça, já está entre nós há algum tempo.
Primeiro vieram as máquinas à vapor, depois motores de combustão e elétricos. Robôs que executam tarefas repetitivas e específicas (não androides, ainda não). Substituíram os animais e os homens no trabalho braçal. Parte da mão-de-obra ignorante que só sabia carregar peso ficou desempregada. As novas gerações precisaram aprender outras coisas e ocupar novas funções. Trabalhos que envolviam mais inteligência e menos esforço físico.
Não de agora, programas de computador e algoritmos complexos já desempenham tarefas que envolvem algum tipo de inteligência, ou seja, tarefas difíceis e que exigem resolução de problemas ou criam coisas à partir de um conjunto mínimo de parâmetros.
Há vários serviços que necessitavam da atenção humana e que agora já são feitos mais rápido, barato e precisos, como por exemplo telemarketing, serviços bancários, suporte e assistência técnica, controles de níveis de estoque, transações financeiras (bolsa de valores), diagnóstico de doenças. Pessoas perderam ou perderão os empregos e certas profissões irão desaparecer.

Carros autônomos em pouco tempo eliminarão boa parte dos motoristas; ensino à distância ou virtual, ceifará vagas de professores e professoras; sistemas integrados de gestão acabarão com contadores; softwares específicos no lugar de farmacêuticos em drogarias ou consultórios. A lista segue crescendo. Onde essa gente toda trabalhará daqui alguns anos?
Se você está do lado de quem cria a tecnologia e que a emprega para otimizar seus negócios, se dará bem; se está na outra ponta, a dos serviçais, perderá o emprego e não conseguirá recolocação, a não ser que se reinvente profissionalmente. Inteligência artificial mudará drasticamente a sociedade como conhecemos.
Esse é o problema mais iminente e imediato. Porém…

O futuro é agora
Machine learning é o nome dado ao processo de acúmulo de informações em um sistema computacional, seja pela inclusão de novas etapas e critérios manualmente (ou por humanos) ou debaixo para cima, como chamam, ou pela exposição à exemplos e situações dentro de contextos específicos (cima para baixo). Há também sistemas mistos.
Conforme ganha volume, esse sistema pode executar novas tarefas e escolher melhores possibilidades de resolução de problemas. O potencial é enorme. A limitação de capacidade de processamento será superada com a computação quântica, embora em sua infância, mas que algumas empresas já disponibilizam para uso.
Assim, parece inevitável que em algum momento não muito distante, um conjunto grande informações comece a “entender” como ele mesmo funciona, cresce, se otimiza e se beneficia com a agregação de novos recursos. As soluções serão tão rápidas e complexas que nem os criadores entenderão o que se passa. Estará fora da alçada da capacidade humana compreender as decisões escolhidas.
Ao “entender” não me refiro à consciência. Primeiro, por que ainda não entendemos completamente o que seja para podermos atribui-la como qualificador de algo. Segundo, não há a necessidade de consciência para ter inteligência. Não precisa saber que sabe, ou reconhecer a si mesmo. Basta ter o procedimento e lista de tarefas para executar algo. Um algoritmo.
Neste ponto podem se tornar entidades, um empresa formalmente estabelecida, com direitos e deveres, adquirindo bens e fazendo transações com ou sem a necessidade de intervenção humana. Podem ter os recursos e capacidade de alterar o meio ambiente, levando em conta uma agenda que fugirá do nosso entendimento.
O que alguns chamam de singularidade, o advento da primeira consciência artificial, pode não acontecer tão cedo, se é que ocorrerá. Provavelmente haverá alguma fusão homem-máquina. Humanos aprimorados ou máquinas humanizadas. Implantes e próteses. Uma nova raça pode surgir, os super-humanos endinheirados, aumentando drasticamente as diferenças sociais.
Os que não conseguirem ter acesso à esses recursos, viverão marginalizados, à sombra de novos deuses. Os 70 mil anos dos homo-sapiens, com seu curto reinado de 12 mil, pode acabar mais rápido do que imaginamos.
“Compartilhando” com o inimigo
A ameaça aos empregos é só uma parte do problema: uma grande massa será irrelevante física, mental, econômica, politica e militar, pois as grandes corporações (Alphabet, Amazon, Tencent, IBM, MIcrosoft, Facebook), detentoras dos computadores e grandes sistemas de captação de dados, oferecerão soluções melhores que as propostas pelos humanos.
Baseados em suas escolhas, podem indicar quem é o melhor político para você votar, melhor carro para comprar, melhor lugar para morar. É dito que com 300 interações no Facebook, os algoritmos são capazes de escolher a melhor pessoa para você se casar do que você mesmo conseguiria. Assustador.
Por exemplo, softwares já são capazes de reconhecer imagens de câncer de pele com acurácia melhor do que médicos. Quem você procuraria para ter um diagnóstico melhor, um humano que não lembra de tudo, que pode se equivocar, que pode estar cansado, mal humorado, defasado em relação às novas descobertas e métodos, ou um software que estará sempre disponível, sem variações de humor e constantemente atualizado com todas novas pesquisas?
Um software assim dá trabalho para fazer, mas precisa ser feito uma vez só, podendo ser usado por várias pessoas simultaneamente. Por outro lado, gasta-se anos de esforço e dinheiro para formar apenas UM médico, com limitações de número de atendimentos diários e que só pode estar em um lugar.
Imagine isso em outros ramos. Tendo softwares que entendem e dão respostas mais precisas, quem precisa de humanos no comando? A mudança do poder é que tornará humanos novamente em “animais”, sem poder de decisão.

Parece um cenário indesejado, mas atualmente nós somos a fonte de alimentação desses “monstros”. Tudo que publicamos, postamos, compartilhamos, curtimos é ferozmente disputado pelas empresas para criarem bancos de dados cada vez mais precisos e detalhados de nossas preferências. Cruzam informações de fontes diferentes e guardam coisas escritas e escolhas feitas que nem lembramos. Mas estão lá, gravadas.
Traçam perfis para oferecer os melhores serviços e produtos, altamente customizados para se encaixar nos seus gostos. Pelos nossos padrões, podem até antecipar escolhas e oferecer coisas que nem sabíamos que queríamos. E o pior: VAMOS GOSTAR DISSO. O bem mais precioso da atualidade (informações) damos gratuitamente e de boa vontade em troca de vídeos de gatinhos e memes.
Resumindo:
- Inteligência artificial já está entre nós.
- Sim, seu trabalho está ameaçado. Você é lento, falível, caro e gasta tempo lendo posts invés de trabalhar.
- Jovens, pensem bem na carreira que escolherão. Podem deixar de existir num futuro próximo.
- Sim, sistemas de Inteligência artificial podem assumir o controle das instituições financeiras, infraestruturas e meios de produção, alterando drasticamente os rumos das sociedades.
- Sim, uma Inteligência artificial pode concluir que humanos não são necessários ou pior, que são um entrave para seu desenvolvimento e uma ameaça ao ambiente terrestre.
- Sim, super-humanos aperfeiçoados dominarão os “humanos raiz”, podendo leva-los à marginalização, pobreza extrema e talvez até a extinção.
Ah, Dolores…
Parte desta publicação foi inspirada no livro “Homo Deus”, do autor Yuval Noah Harari. Recomento fortemente a leitura.
Gosto da tecnologia em relação as facilidades, comodidade e conhecimento que trazem a nossa vida, mas acaba sendo tão fria essa relação, pessoas cada vez mais isoladas em seu mundinho, eu acho muito triste!!!
Eu particularmente, tenho me voltado a uma vida mais raiz !!! rsrs, dedicando mais tempo com plantas e animais que amo!! E escolhi um curso voltado ao contato com as pessoas, Nutrição…para compartilhar, ensinar e ajudar esse povo, com todo conhecimento baseados em fundamentos científicos que adquiri, aliado ao bom e velho raiz!
Gê, sinto em te informar… nutricionistas não serão necessárias também… com bio-sensores, como smartwatchs ou arm bands, dados precisos serão coletados e processados por algoritmos poderosos, informando exatamente as necessidades alimentares de cada pessoa, em tempo real. Não será agora, e demorará para chegar ao Brasil, mas é um futuro inevitável.
Ainda bem que demorará a chegar aqui….rsrs
Geovana, Atualmente usamos a tecnologia como uma maneira de compreender, aprender, em que a afetividade, as relações, a imaginação e os valores não podem deixar de ser considerados. Tudo tem sua dosagem , pois só você consegue controlar seus efeitos.
Bruna, só coloquei meu olhar e ponto de vista em relação a tecnologia…sei que ela é necessária!!!
Achei a página ótima, auto ajuda e cômica. Eu amo astrologia, tecnologia, farmácia , nutrição , remédios ,tarjas pretas rsrs pois sou farmacêutica , nutricionista,tenho duas pós e estou cursando mais duas ,imagina se não tivesse a tecnologia!? No meio de uma pandemia tinha que parar a mesma no meio do caminho… Não vamos misturar vida social com tecnologia.
Bruna, obrigado pelo comentário. Escreverei sobre astrologia em breve. Sobre a AI… talvez se interesse por um trecho do livro que citei. Vou acrescentar a imagem no final do post. Está em inglês, mas creio que não será problema para você.
Por nada . EbAAAAA, maravilhaaa, esperarei ansiosamente!!!! Obrigado?