
Cremação e covid-19
Entre tantos problemas causados pelo Covid-19, um deles é a falta de vagas para o enterro em cemitérios. Estão sendo feitos investimentos em equipamento e pessoal para dar conta da demanda. Em alguns lugares, os corpos são colocados em valas por falta de espaço.
Por uma questão de saúde publica, a cremação seria a melhor saída. No entanto, o procedimento é pouco utilizado no Brasil. O enterro dos corpos ainda é a prática mais comum. Por quê será?

O que é a cremação?
Cremação consiste em colocar os corpos dos mortos em formos com temperatura em torno de 1000°C, durante duas ou três horas. Se ainda restar pedaços grandes de ossos, estes são triturados para as partículas ficarem mais homogêneas com as cinzas.
O material resultante poderá ser acondicionado em urnas bem elaboradas e caras, mantidas pelos entes queridos, ou jogado em algum lugar de acordo com o desejo do finado.
Apenas 5% dos mortos são cremados no Brasil, enquanto nos EUA são 50%, Austrália 70%, China e Japão quase 100%.
Vantagens em relação ao sepultamento:
- É mais barato, pois não necessita a compra de um terreno em um cemitério para o enterro.
- Baixo impacto ambiental. No processo de cremação, apenas água e gás carbônico são liberados, sendo que partículas mais densas são retidas por filtros. Além disso, não contamina o solo com restos da decomposição dos corpos.
- Mais prático, pois não necessita de serviços de manutenção na sepultura ou jazigo.
- Não expõe os funcionários encarregados do enterro ao vírus.
Por que então não cremar?
Motivo 1: legislação
- Orientação governamental para que casos suspeitos do covid-19 sejam enterrados para uma futura (mas improvável) exumação para determinar a causa exata da morte.
- Há a necessidade da expressão formal do desejo da pessoa de ser cremada, com registro em cartório e tudo mais. É bem burocrático.
- Facilitação só em casos de morte natural.
- O atestado de óbito deve ter sido assinado por dois médicos e um legista.
- Em caso de morte violenta, a cremação só pode ser feita depois da liberação por uma autoridade judicial.
Motivo 2: crença religiosa
- Forte tradição católica da população brasileira que acredita na manutenção do corpo para uma futura reincarnação.
- Até 1963, a igreja católica era contra a cremação. Foi revista essa posição com um novo entendimento de que é o espirito que reincarnaria e não o corpo físico. Por este motivo, o primeiro crematório do Brasil só foi instalado em 1970. Mesmo assim, ecos do costume antigo e cultura perduram até hoje.
- Havia (e ainda há) uma tradição familiar de todos os membros serem enterrados em um único local, ou que sejam enterrados na terra natal. Caindo em desuso.
- Algumas religiões são totalmente contra a cremação, pois acreditam que o corpo deve retornar à terra. Entre elas o islamismo, o judaísmo e candomblé.
- Por outro lado, o budismo e hinduísmo creem ser fundamental a cremação, pois o fogo purifica o espírito para uma nova vida; o espiritismo não é contra, apenas recomenda ser feito após 72h após a morte, quando o espírito já teria se desvinculado totalmente do corpo.

Tendência mundial
Mudanças culturais e falta de espaço nos cemitérios das grandes cidades são fatores que favorecem a ampliação da prática da cremação, então a tendência é de crescimento.
Outro método também é usados por alguns excêntricos e endinheirados, chamado de criogenia humana, que consiste na preservação do corpo em câmaras com baixa temperatura. Espera-se que no futuro haja meios tecnológicos de ressuscitação ou capacidade para curar doenças incuráveis atualmente.
E você, gostaria de ser enterrado, cremado ou congelado? Ou o melhor seria não morrer? Deixe-nos comentários.
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