
Cinco perguntas sem respostas
Há inúmeras coisas que nós humanos não sabemos. Para algumas, somos capazes de formular perguntas e outras, nem isso. Quantas coisas existem que nem sabemos que existem para serem descobertas e questionadas? Óbvio que faz parte da lista de perguntas sem respostas.
Algumas perguntas, no entanto, são tão antigas quanto à própria humanidade e continuam sem resposta. Escolhi as cinco que acho mais relevantes e abrangentes, servindo de base para derivar outras.

Conteúdo deste post
Quais são as cinco perguntas sem respostas mais importantes?
- Qual a origem da vida?
- O que há após a morte?
- O que é a consciência?
- Qual a origem do universo?
- Existe vida alienígena?
1 – Qual a origem da vida?

A própria pergunta gera uma outra: o que é vida? Como podemos questionar a origem de algo sem entendermos o que realmente significa.
Parece uma pergunta simples, mas não é. Qual o limite e o que caracteriza um ser vivo? Capacidade de se mover, se alimentar, gerar ou captar energia, se reproduzir, se adaptar ao ambiente? Acredito que a resposta, deixando de lado filosofia e religião, esteja nos blocos fundamentais que apresentem algumas destas características que citei. No livro “Conexões ocultas”, o autor Fritjov Capra discorre sobre o assunto, dizendo que o primordial é haver uma membrana que separe alguma coisa de outra, que seja permeável e permita a entrada e saída seletiva de seus componentes. Somente dentro de um recipiente isolado do exterior os compostos podem se diferenciar.
Depois disso vem a capacidade de replicação. Uma estrutura membranosa pode aumentar de tamanho até o rompimento e gerar uma cópia ou algo similar ao original. Daria para classificar algo assim como vida? Um amontoado de moléculas semelhantes separadas entre si? Creio que não. É muito tênue a linha divisória. Um vírus, fora de um hospedeiro não é considerado ser vivo, pois não consegue se replicar sozinho, é só um conjunto de moléculas, embora possua outras características comuns aos denominados viventes.
Outro exemplo, o espermatozoide, o qual vemos em animações movendo-se em direção ao óvulo também não é um ser vivo. Só depois da combinação é que se “torna” vivo (não ele, mas o conjunto). É um pensamento estranho e ao mesmo tempo complexo.
O que é vida pode ser acrescentada à lista de perguntas sem respostas mas, para efeitos práticos, consideremos o que estamos acostumados, como animais e plantas.
Lista de possíveis respostas e seus dilemas:
A vida é um processo natural e emergente, ocorrendo onde há condições físico-químicas adequadas para abriga-la.
- Se é um processo comum, por que não encontramos sinal de vida em outros lugares?
- Quais são essas “condições físico-químicas adequadas”?
- Podemos repetir o processo artificialmente em laboratório?
- Como explicar a crescente complexidade dos seres vivos através das eras, sendo que o que percebemos é a degradação e fragmentação com o tempo?
A vida é uma criação de uma divindade.
- Qual seria essa divindade?
- O que é essa divindade e como surgiu?
- Considerando as leis naturais, qual foi método utilizado para gerar a vida da forma que conhecemos?
- Qual objetivo de ter criado a vida como ela é na Terra?
- Não poderia ter criado formas diferentes em outros planetas vizinhos, adaptados ao ambiente como o somos na Terra?
A vida na Terra veio de outro lugar, através de meteoritos.
- Apenas muda a pergunta de lugar. Que tipo de vida ou material veio de fora capaz de explodir na variedade que temos hoje?
- Como teria sobrevivido ao rigor do espaço sideral, da entrada na atmosfera e impacto da colisão?
- Teria sido um acidente ou um “plantio”, uma “fertilização” feita por outras civilizações mais avançadas?
- Como a vida dessa civilização teria surgido?
A vida não existe. Somos apenas uma simulação virtual.
- Essa simulação virtual é um processo natural? Se sim, qual diferença em termos práticos?
- Se é um processo artificial, quem o criou, e para qual propósito? Estudo? Entretenimento? Geração de recursos?
- Como surgiu a vida de quem criou a simulação?
2 – O que há após a morte?

Assim como não sabemos como a vida começou, não sabemos o que ocorre após o término. Melhor dizendo, a decomposição dos corpos é conhecida e afeta animais e plantas. A estrutura coesa e auto-regulável perde seu equilíbrio após um determinado tempo e as reações eletroquímicas cessam de ocorrer.
A vida como conhecemos é bastante frágil e bastam algumas privações ou mudanças de condições ambientais para que o sistema colapse e pare de funcionar.
No entanto, a questão é mais e filosófica do que biológica. Em determinado ponto da história criou-se expectativa, ânsia, desejo, crença que continuamos a existir depois da morte. Até onde se sabe, é uma característica única dos homo sapiens: imaginar coisas que não existem.
A origem deve ter surgido pela necessidade de dar significado à existência, desejo de se reencontrar com algum ente querido ou como método de controle social, onde é premiado quem se comporta de determinado jeito e punido quem não segue o código arbitrário definido por alguns.
Como não sabiam a origem da vida, atribuíram uma essência, um sopro divino, uma alma, um espírito, que anima a matéria e permanece que após a morte, em algum lugar que não podemos acessar.
Para perguntas sem respostas, criam soluções impossíveis de se provar, apenas para justificar o que não se sabe explicar.
Ou será que continuamos a existir, em outra configuração enérgica desconhecida, em ciclos e transformações intermináveis?
Lista de possíveis respostas e dilemas:
Não há nada após a morte.
- Simples assim, não há nada o que se discutir.
- Para onde vão as memórias e experiências armazenadas em nossa mente?
- A vida não tem sentido e tanto faz estar vivo quanto morto?
- Somos apenas estruturas transitórias aleatórias e sem significado adicional no grande esquema das coisas?
Há um céu e um inferno à nossa espera.
- O tempo de vida humana é suficiente para que sejamos julgados e enviados para lugares definitivos para ter paz e alegria ou tormento e sofrimento eternos? O que são meros anos comparados com o infinito?
- Crenças diferentes apontam caminhos discordantes para atingir o mesmo objetivo. Como saber qual o certo?
- Onde fica fisicamente esse céu e esse inferno?
- É válido somente para os humanos? Outras milhões de especies terráqueas não têm o mesmo tratamento? Por quê?
A Terra será o paraíso eterno para os bons e o maus serão aniquilados definitivamente.
- A Terra é menos que um grão de areia no universo visível. Por que tanto espaço para apenas uma ínfima fração ser usada e habitada?
- Leis da física serão alteradas para que tudo dure para sempre?
- Pessoas poderão ter filhos? Não haverá dor no parto? Por que as novas crianças terão o privilégio de nascer em um paraíso enquanto outras tiveram que sofrer para conseguir seu lugar?
- Haverá lugar e recursos físicos suficientes para uma população crescente de imortais?
- Os felizardos esqueceriam das dores passadas e dos entes queridos que não atingiram as metas? Com essas mudanças mentais, ainda seriam as mesmas pessoas?
A vida na Terra é só uma fase transitória em um processo de evolução constante.
- Seria uma característica natural do universo? Se sim, quais leis morais regem o avanço ou a estagnação?
- Se é obra de um criador, para quê o trabalho de lapidação através de inúmeras reincarnações se poderia criar todos já no estado perfeito?
- Se o criador é onisciente e as escolhas individuais já são conhecidas, não há livre arbítrio?
- Que tipo de energia e meio físico são utilizados nas trocas de estado entre vida terrestre e a etérea?
3 – O que é consciência?

Há algumas definições para o que seja consciência, embora tenham sido criadas por ela própria. O que quer que seja, é um atributo aparentemente humano. É a capacidade de autorreconhecimento. Estar ciente de si mesmo e se entender como um ser separado dos demais. No entanto, uma distinção precisa ser feita: altos graus de Inteligência não necessitam de consciência.
Será que somos/estamos conscientes no significado estrito da palavra ou só achamos que estamos? Como ter certeza? Temos um único núcleo consciente em nosso cérebro, algo para chamarmos de “EU”.
Acredita-se que a consciência resida no cérebro, embora não possamos senti-la. Apenas lesões nesse órgão dão pistas, dadas consequências psicológicas observadas. Antigamente achava-se que ficava no coração, local de morada da alma. Se coração parasse de bater, lá se vai a alma e, junto, a consciência.
Talvez a pergunta mais pertinente seja de onde emergiu a consciência. Ou se há tipos diferentes de consciência.
Cachorros teriam consciência de cachorros, gatos de gatos e alecrins de alecrins, assim como humanos têm seu tipo particular? Não tenho noção de como é ser você, leitor. Muito menos sobre ser cachorro, gato ou alecrim. Muitas perguntas sem respostas.
Consciência é um atributo da alma, concedido pela divindade ou entidade que nos criou.
- Para validar essa afirmação, é necessário responder as perguntas sem respostas anteriores.
- Por que apenas humanos teriam consciência? O que temos de diferente de outros animais para merecer tal distinção?
- Seria a consciência fruto do pecado original e que a ignorância era um benção?
- Por que precisamos ter consciência, para escolher e ponderar, se tudo já é sabido pelo criador? Apenas para termos ilusão de que controlamos alguma coisa? (Como no filme Matrix).
- Seria fruto de uma divindade vaidosa que espera que a adoremos espontaneamente?
Consciência foi um processo gradual e longo, sem uma linha clara dividindo entre os despertos e os irracionais.
- Teria sido um mutação genética que criou o primeiro ser capaz de pensar sobre si mesmo?
- Uma única mutação em um único ser seria capaz de fazer a diferença, criando uma nova espécie?
- Teria havido o “the chosen one”, o primeiro desperto? Ou foi um processo coletivo de esforço por uma causa comum?
- Teria havido um “elo perdido” ainda não descoberto, que teria um nível de consciência menos sofisticado, mediando a transição?
Consciência é decorrência de intervenção alienígena, que manipularam o DNA dos primatas de forma a atender suas necessidades.
- Como teria emergido a consciência dos alienígenas, se é que existem?
- A intervenção permanece ou foi uma experiencia isolada? Essa experiencia é monitorada?
- Qual o objetivo de dar consciência à um animal irracional?
- Seres banidos de outros mundos, confinados em um planeta primitivo, precisaram modificar as condições para que pudessem sobreviver?
- Seríamos apenas animais domesticados para atender uma agenda desconhecida?
Consciência é um atributo transitório e aleatório que não tem relação direta com inteligência.
- 70 mil anos de consciência do homo sapiens é tempo suficiente para que seja declarada como imprescindível no processo evolutivo do planeta como um todo?
- Um único caso, entre milhões de outras espécies, pode ser considerado como padrão de excelência?
- A consciência pode ser substituída por capacidade exponencial de aprendizado e inteligência de algoritmos em computadores?
- Níveis avançados de inteligência necessitam de consciência?
- Considerando que tudo muda, evolui e adapta-se, estariam os homo sapiens sujeitos a serem substituídos por outra especie mais inteligente e capaz?
4 – Qual a origem do universo?

No começo acreditávamos que a Terra era o centro de tudo; depois passou para o sol; depois a galáxia. Agora sabe-se que que nosso planeta é um pequeno pedaço de matéria bariônica, orbitando uma estrela bem modesta, na periferia da Via Láctea, que não passa de mais uma entre 100 bilhões de galáxias que povoam o universo visível. Pode ser ainda, que nem o que chamamos de nosso universo seja “UNI”, mas sim mais um entre infinitos e exóticos outros, na mesma ou em outras dimensões.
Parece pretensão demais dos hominídeos terrestres querer entender como uma estrutura absolutamente inimaginavelmente grande funciona ou foi criada. Ainda assim, insistimos. Faz parte da nossa natureza questionar tudo.
As versões mais antigas envolviam uma ou mais divindades que criaram tudo. Uma explicação simples e funcional para o que não sabiam explicar de outra forma. Tão funcional que persiste até hoje. Mesmo povos separados geograficamente por longos períodos chegaram a mesma conclusão, variando apenas os tipos, poderes e motivações dos deuses.
A versão mais difundida e aceita cientificamente é a do Big Bang quando, em certo momento, um ponto diminuto se ampliou exponencialmente tomando as proporções que percebemos hoje. Apesar de inúmeros experimentos, fórmulas e teorias, ainda deixa margem para muitas perguntas sem respostas.
Outras versões mais exóticas apontam para colisões entre dimensões paralelas, como se duas folhas de plástico se tocassem, gerando um reação específica de acordo com as circunstancias envolvidas. Pode gerar um ou outro tipo de universo, com leis físicas diferentes das que conhecemos (parcialmente).
O universo foi criado por uma divindade.
- Que tipo de entidade poderia ser essa com tais poderes?
- Qual a origem da entidade? Ou sempre existiu?
- Se sempre existiu e nosso universo é temporalmente finito, por que existimos agora? Somos as primeiras versões ou mais uma entre incontáveis outras que vieram e que se foram?
- Se a divindade for atemporal, ou seja, não sendo afetada pela corrente do tempo, não existindo antes nem depois, onde tudo ocorre de uma vez, por que criar seres tão temporários e efêmeros?
- As leis da física que experimentamos foram cuidadosamente planejadas para que resultasse na realidade que vivenciamos? Ou somos um resultado possível entre muitos que essa configuração permite?
O universo foi criado no Big Bang.
- O que havia antes do Big Bang?
- Se não havia espaço nem tempo, onde a energia concentrada se situava?
- O que gerou essa concentração de energia? E o que fez com que ela saísse do seu estado original, se expandindo?
- Houve um estado original estável?
- Como um ponto adimensional conteria tudo o que existe, incluindo a matéria e energia escura?
- Houve outros Big bangs? Há um ciclo de expansão e contração eternos?
Nosso universo é mais um entre zilhões de outros (10500 possibilidades).
- Também só muda a pergunta de lugar. De onde teria surgido a energia para geração de tantos universos?
- Como provar se a teoria é correta se não há forma conhecida de acessar outros universos?
- Se forem realidades alternativas, coexistindo paralelamente, como podemos provar que existem?
- Pelo atual nível tecnológico e propriedades físicas humanas atuais, é impossível que consigamos sair do terreno teórico e avancemos em usos práticos. Seria necessário humanos aprimorados, uma nova espécie híbrida, inorgânica para atingir tal objetivo?
- Como lidar com universos com propriedades físicas diferentes na nossa? Como sobreviver?
Nosso universo não passa de uma simulação em um super computador.
- Assim como simulamos certas situações, cada vez mais ricas em detalhes, conforme avançamos na capacidade de processamento de informações, seriamos nós e o universo apenas parte de um programa super sofisticado (em nossos parâmetros)?
- Multiversos seriam simulações com outras configurações rodando no mesmo super computador?
- Quem ou o que escolheria os dados para processamento? Qual a finalidade?
- Em que realiadade ou dimensão separada da simulação ocorreria o processamento? Como essa realidade separada teria sido criada?
- Poderia ser esse super computador uma divindade?
5 – Existe vida alienígena?

Já abordei o assunto com mais detalhes em um post exclusivo sobre o tema vida alienígena, apontando possibilidades, afinal, é mais uma das perguntas sem respostas fundamentais que humanos se debatem desde que se tornaram conscientes. E no post sobre a composição de um corpo humano, explico que somos feitos de matéria extraterrestre. Aliás, a Terra é em sua maior parte feita de material vindo de outros lugares, por mais estranho que seja pensar desta forma: A terra é extraterrestre.
De certa forma, todas as cinco perguntas estão interligadas de alguma forma. Para sabermos sobre vida alienígena precisamos ter uma definição clara do que é vida. Ainda assim, acho que de todas anteriores é a que temos mais chance de descobrir a resposta e, com ela, ter novos insights sobre as demais.
Além do valor cientifico inestimável, há um fator importante e que preocupa muitos: a prova da existência da vida alienígena acabará com as religiões monoteístas, onde pregam que os humanos são os escolhidos, os filhos de deus, o ápice da criação divina? Ou se esforçarão para encontrar alguma passagem que possa ser interpretada de forma a acomodar a nova descoberta?
Diferente das outras perguntas sem respostas, esta tem basicamente duas possibilidades: SIM ou NÃO, sendo outros questionamentos derivações ou detalhamentos. No entanto, cravar um NÃO definitivo seja muito mais difícil dada a vastidão, número de mundos e forma de vida. Para um “sim” não precisamos checar todas as possibilidades, só precisamos achar uma; para um “não”, precisamos esgotar as buscas.
Saber que estamos sozinhos é assustador, assim como saber que não estamos.
Não existe vida fora da Terra. Estamos sozinhos no universo.
- Conhecemos todas as possibilidades do que seja vida e formas que ela pode se apresentar?
- Olhamos em todos os lugares, mesmo nos improváveis?
- Seremos capazes de fazer uma varredura completa do Universo?
- Pelas distâncias envolvidas (milhões e bilhões de anos luz), civilizações podem ter surgido e desaparecido sem que tenhamos registro. Como cravar um não sem ter esse conhecimento?
Existe vida fora da Terra, mas não sabemos qual tipo.
- Acharemos fósseis ou seres viventes?
- Acharemos formas de vida complexas ou formadas por poucas células?
- Acharemos vida inteligente?
- Acharemos vida consciente e capaz de se comunicar conosco?
- Serão uma ameaça ou parceiros? Seremos nós uma ameaça para eles (como no filme Avatar)?
- Serão tão distintas e exóticas que podemos não reconhece-las como viventes?
- É possível vida sem ser baseada em carbono e DNA?
- Chegará o dia em que nossos descendentes rirão da ignorância de nosso tempo por não sabermos de uma coisa tão óbvia?
Resumindo
De cinco perguntas sem respostas gerei mais de cem. Certamente há outras, mais instigantes e mais interessantes do que essas. Talvez nem saibamos quais perguntas fazer ou se estamos fazendo as certas.
Perguntei no início do texto quantas coisas existem que nem sabemos que existem para serem descobertas e questionadas. Para responder isso, seria necessário saber o quanto não sabemos. É um paradoxo e também cai na categoria de perguntas sem respostas.
Para boa parcela da população, a resposta é Deus. Se isso satisfaz as pessoas, bom para elas.
E você, já se fez essas perguntas? Tem as respostas? Comente.
Pensar você deve
penso, logo desisto