
Autoestima e opinião alheia
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Autoestima
Muito se fala sobre autoestima, aumentar autoestima, depressão, baixa autoestima e coisa assim. Há zilhões de sites e posts no Facebook dando dicas “valiosas” de como fazer para se sentir bem consigo mesmo, mas a maioria não cobre o básico, sendo apenas palavras ao vento.

Autoestima é a avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma. Os critérios de avaliação e o grau de intensidade ou valor variam de acordo com a estrutura cerebral, pré disposições genéticas, estímulos e experiências de cada uma. Nunca é igual e as medições terapêuticas são genéricas, apenas para tentar restringir o leque de possíveis cenários.
Subjetiva por que é uma invenção particular e, na maioria dos casos, não representa a realidade ou o que o consenso coletivo aponta. Cada um se acha de um jeito, mas outras pessoas pensam diferente. É intrinsecamente impossível para nós humanos compreender todas as correntes dos fluxos internos de pensamento e emoções. São experiências únicas. De certo modo, estamos sempre sozinhos num mundo que só existe para nós.
Por ser subjetiva, filtramos e damos significado aos eventos conforme nossos valores internos. Para uns a festa estava ótima; para outros, a mesma festa foi uma chatice sem fim.
O que torna uma coisa boa ou ruim é simplesmente a confrontação de uma expectativa com a percepção de um acontecimento (na maioria das vezes, inconscientemente). Desta forma, somos os únicos responsáveis pelas alegrias e tristezas que sentimos. Alguém pode te fazer algum mal, ser o culpado, mas você quem escolhe no fim das contas o qual significado o ato terá e como isso te afetará. Isso é ter responsabilidade sobre a própria vida.
Opinião alheia
Hoje, mais do que nunca na história humana, estamos expostos à uma imensidão de informações vindas de diversas fontes. Grande parte delas vem da vontade de compartilhar eventos com outras pessoas. Há diversos motivos para isso, mas o mais relevante neste assunto seja a necessidade de aprovação externa.
Pessoas querem ser reconhecidas, elogiadas ou pelo menos notados por estranhos, por vivencias que acham relevantes. A autoestima é afetada conforme o grau de sucesso entre o esperado e o acontecido. Uns são mais suscetíveis do que outros, baseados em experiências e traumas anteriores. Quem sofre desse mal não para de se comparar com modelos externos e de dar mais importância a opinião de um estranho do que a sua própria.
É o cúmulo de egocentrismo autodestrutivo: ter receio do que uma pessoa estranha, que nunca viu na vida, vai pensar à seu respeito. Primeiro: os outros estão cagando para você, assim como você não liga com quem cruza seu caminho. Não estão pensando em você; se estiverem, não expressarão, sendo maléfico só para quem gasta tempo com isso, tendo efeito prático nulo; se pensarem e expressarem (o que é claramente uma raridade), cabe a você decidir se o que foi dito importa ou não, de como deixará que isso te afete.
Isso é mais difícil e sutil do que parece e, antes de julgar, pense sobre alguns exemplos que darei sobre o como a opinião externa pesa nos comportamentos e contatos sociais.
Cortes de cabelo
No trabalho, na rua, em bares e festas, quem mais olha para seu cabelo são os outros. Se arruma para os outros verem, porque quer causar algum tipo de efeito (parecer atraente, bonita, com estilo próprio ou apenas asseado). ‘Ah, me arrumo para mim mesmo, para me sentir bem’. Mentira. Se pensa assim, está se enganando. Se não se importasse, iria com ele despenteado. Há o receio da crítica pelos outros ou de não se adequar à um padrão arbitrário ditado pela moda no momento.
Tatuagens
Tem alguma coisa que denota mais a necessidade de aprovação externa do que uma tatuagem feita nas costas? No pescoço? Na bunda? Achou o desenho bonito, mas nunca vai vê-lo diretamente. ‘Ah, mas para mim tem significado especial, me deixa mais atraente’, ‘mostra que eu faço parte de um grupo, que tenho personalidade própria’. Sério? Se é algo tão importante na sua vida, precisa desenhar no corpo para não esquecer?
Roupas
Mesma coisa, quer mandar uma mensagem visual para o exterior. ‘Me sinto o máximo com esse terno’, ‘esse vestido cai muito bem em mim, vou arrasar com esse decote’. Um pedaço de tecido de uma cor, material e corte específico te faz ser uma pessoa melhor?
Parte-se da sua crença ilusória que o outros vão gostar, e o feedback positivo alimenta o seu ego e sente-se bem. Se ninguém fala nada, se frustra. Tipo uma garota que passa perto de uma construção e os pedreiros falam sobre sua “elegância”. Ela pensa: ‘cretinos sem vergonha’; se não falam nada: ‘nossa, estou um lixo hoje, nem os pedreiros olham para mim’.

Autoestima e opinião alheia
Isso não significa dizer que podemos andar pelados e sem tomar banho (poder até podemos, mas terá consequências negativas). Não é de anarquia e cada um por si, mas referência às coisas fúteis que nos preocupamos para não sermos alvos de comentários ou pensamentos não expressados de pessoas que não conhecemos ou nunca mais veremos na vida. Sabendo que o objetivo é realmente causar um impacto social, sendo sincero consigo mesmo, as manifestações culturais e estéticas podem ser melhor aproveitadas.
Só aqueles que têm algum problema mental ou dependentes químicos não se importam com o que outros pensam. É inerentemente humano. Mais ainda, é inerentemente animal e instintivo. Nossa mente é analógica e a cultura dualista: feio x bonito, sucesso x fracasso, bacana x chato. Não é possível fugir disso sem se alienar. Assim como não é possível todos serem felizes ao mesmo tempo, pois o conceito de felicidade de perderia: só há alegria por que há tristeza. Ou todos serem vencedores… impossível.
O problema vem quando o valor dado à aprovação externa é alto. Faz-se de tudo para aparecer e ganhar uns minutos de fama, mesmo que traga consequências negativas por um longo tempo depois.
Ou visto de outra forma: o sentimento de inferioridade ao se comparar com os outros. Várias postagens de fotos e videos captam momentos artificiais ou raros, ostentando um padrão difícil de alcançar. A mídia expõe exceções como modelo e, mesmo sem querer, te faz sentir-se mal por não ser tão bonito(a), sarado(a), rico(a), famoso(a), etc.
Assim, sua autoestima vai para o ralo. Sente-se um lixo por não ter/ser/fazer coisas que outros aparentemente conseguem sem esforço. Não é inveja neste caso, e sim o sentimento de incapacidade e falta de recursos que acompanha tais comparações.
O capitalismo agradece, pois faz você querer ter/ser/fazer mais, comprando e usando serviços. Esta é a razão por trás do modelo comercial atual: inundar de informações sobre o que é raro como se fosse normal, para que pessoas consumam coisas para tentar chegar perto, pelo menos de alguma forma. É o uso maléfico do conhecimento psicológico e comportamentos humanos.
O gêmeo igualmente sinistro do receio da rejeição é o do medo da irrelevância. A baixa autoestima vem de um ego inflado que não encontra audiência para reverenciar suas supostas qualidades. A sombra é a tirania não expressada, em sonhos de retaliação e subjugação (um exemplo disso é a Alemanha nazista, quando realmente acreditavam que eram especiais e superiores, eliminando os demais em prol de um liberalismo humanista evolucionário distorcido e macabro).
Há escapatória?
Sim, há várias formas de se administrar o problema da autoestima e, para bem e para o mal, depende exclusivamente de cada um. Auto conhecimento, entender o que causa o que, mudança de escala de valores, eliminar supérfluos, escolher outras referências, se comparar somente à si mesmo e ver quanto melhorou.
Há um outro jeito também, mais arriscado: dessensibilização. Alta exposição aos estímulos que causam desconforto… até que não causem mais. É um risco mais ou menos calculado, e depende da maneira como será conduzida. Se tiver dificuldades, procure sempre ajuda especializada.
E você, é de que tipo? Pense bem antes de responder (mesmo que seja para si mesmo(a)).
Em minha opinião toda a descrição foi uma forma de julgamento e talvez vc não tem aceitação de como o próximo é, querendo.ou tentando moldar os outros. Cada uma tem seus estímulos de como vai reagir em certas ocasiões. Se todos fôssemos iguais o mundo não estaria “desenvolvido”. Abraços
Ola, sim tenho dificuldades em aceitar a mim, as pessoas e as coisas como são. Não tenho certeza de nada. No entanto, talvez não tenha ficado claro, não desejo ser igual e nem que todos o seja. Apenas instiguei à reflexão do que é realmente importante para nos diferenciarmos… obrigado pela comentário.
Horizons __ Anubis gate.. prefiro está para ocasião
Ola! Todas deste álbum são boas (o melhor da banda, na minha opinião). Horizons é muito vibrante, enquanto Erasure é mais introspectiva. Mas valeu, só de reconhecer essa obscura banda da Dinamarca já é um indicativo de distinção e bom gosto musical. Abraço.
Belo texto!
Obrigado! As vezes sai algo bom…
ah entendi Hermes , uma forma para sermos diferenciados … logoooo vc expõe sua opinião quanto uma pessoa que gostaria de fazer uma tattooo ”Tem alguma coisa que denota mais a necessidade de aprovação externa do que uma tatuagem feita nas costas? No pescoço? ” o que é mais valido, talvez, é não fazer e ficar com as belas mordidinhas nas costas ne? 🙂
Não foi uma indireta para vc. O texto faz parte do livro que escrevi ano passado. Só coincidiu… Mas, de qquer forma, mordidas são melhores que tatuagens na minha opinião.